odas as sextas-feiras são uma tortura pra mim: não tenho ninguém com quem sair no fim-de-semana, a não ser meus poucos e bons amigos. Nos sábados, fico vendo documentários em casa; nos domingos, leio o jornal de cabo a rabo, bebendo e sentada no chão.
Queria negar minha condição de sozinha; deixo a televisão ligada só pra escutar vozes, pra que o quarto não pareça tão vazio. Gosto dos livros que faziam com que eu imaginasse cenários, cenários de locais distantes; chorava bastante, percebi o quanto eu andava dependente de ter alguém para me auto-afirmar, pra evitar olhar pra mim... pra minha condição de só (coisa que todos nós somos). Hoje reconheço que sei lidar com isso, embora às vezes ainda me sinta perdida quando vejo que só posso contar comigo mesma. Aprendi a curtir minha solidão, a sair sozinha, a me divertir, a restabelecer o contato com amigos que eu tinha deixado pra lá, a olhar pras minhas necessidades, a me cuidar. Aprendi a gostar um pouco mais de mim, a me achar uma pessoa legal pra se passar o tempo, eu até gosto da minha companhia. Fortaleci minha auto-estima com isso, sem precisar de bajulações alheias, ficando bem independente disso
Apesar disso, ainda fico um pouco vulnerável; as pessoas encaram a mulher sozinha com dó, pena... às vezes desdém; alguns comentam que você tenha virado sapatão, tenha pego asco de homem; se você sai na noite, é uma puuuta galinha, qualquer amigo é empurrado como candidato a namorado.
Mas que putaria é essa, eu não posso querer ficar sozinha? Eu não posso ser respeitada?
Eu não quero ter ninguém. Não agora. Porque nunca vai ser igual. Ninguém tem esse gosto, ninguém tem esse cheiro bem ali atrás da orelha, esse jeitinho de terminar um beijo.
Ninguém tem esse olhar que me frita, que me faz pensar em sexo quando estou cortando cebola. Ninguém tem essa voz que faz minhas pernas se abrirem automaticamente, ninguém arranca esses gritos, esses pedidos falsos para parar.
Não é o momento. Já ouvi isso antes e agora chegou a minha vez de ser a idiota. Sou obrigada a abrir mão de você, de todas as risadas que arranca de mim, de todas as possibilidades de um futuro feliz. Tenho medo do tempo passar depressa demais e de um dia bater à sua porta e dar de cara com sua esposa perfeita, carregando um bebê-propaganda, em uma casa tinindo de limpa, cheirando a uma felicidade insuportável e inabalável. Diria que errei de número e perguntaria onde tem um bar. Passaria o dia bebendo sozinha, esperando que você passasse só pra ter o prazer de me ver conformada.
Sou uma imbecil, eu sei. Você me faz querer ser melhor.
Um comentário:
pra quem te olhar com peninha, ofereça uma salsicha beeem grande, entrando... e saindo!:)
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